Monday, April 30, 2007

O Zé, o espoliado de sempre por Manuel Gustavo Bordallo Pinheiro



Sunday, April 22, 2007

Conceitos de Humor - A Paródia

Por: Osvaldo Macedo de Sousa

Esta sequencia de artigo sobre definições de conceitos do mundo do humor, parece uma grande paródia à realidade, já que por muito que tentemos diferencia-los, acabam sempre por se confundir, e só mesmo os estudiosos, que perdem seu tempo nestas deambulações labirínticas das palavras e seus significantes é que conseguem ver as nuances.
Costuma-se dizer que a vida não passa de uma grande Paródia, mas mais uma vez estamos a empregar mal as palavras, porque o sentido mais popular de Paródia, ou seja uma grande brincadeira, não é o sentido conceptual da palavra. Será mais correcto dizer que a vida não passa de uma anedota humorística, de um chiste.
Essa grande paródia, a festa que se fez, a brincadeira que a todos divertiu esta adulterada porque a base da verdadeira paródia está no Teatro, na dramatização da vida em comicidade, contudo para ser uma Paródia verdadeira, não pode ser um simples jogo de brincadeiras, de trocadilhos, mas sim um jogo de ambiguidades entre a realidade e a reconstrução humorística.
A Paródia é a utilização de factos, situações, estilos, realidades concretas e com usa-las como género, como estilo, como tema para em comparação fazer humor. Por exemplo usar uma peça de teatro bem conhecida e “adulterar” o sentido das palavras para transmitir a nova mensagem no jogo da mesma representação anterior com um sentido novo. No caso do desenho é usar figuras de personalidades conhecidas ou o estilo de um artista plástico célebre para dar novo sentido á mensagem que se quer transmitir.
Por isso quando o povo diz que a noite anterior foi uma grande paródia, quer dizer que imitou a realidade em novas situações humorística, mas fê-lo sem ter consciência da utilização de elementos de imitação para parodiar o sério com o humor.
Como podem verificar até a mim me está a custar explicar bem este conceito de Paródia. Todos já compreendemos o sentido, mas não através das minhas palavras.

Friday, April 20, 2007

Leitura dos Jornais, por Raphael Bordallo Pinheiro



Friday, April 13, 2007

Conceitos de Humor 4 - A SÁTIRA

Por: Osvaldo Macedo de Sousa

A Comicidade tem muitos rebentos que, por serem tão diferenciados, são por vezes considerados de pais diversos apesar da maternidade nunca ser contestada. Uma interpretação conveniente às mentes sérias, de uma certa intelectualidade retrógrada, considerar a Comicidade como uma rameira social.
Os Homens sempre tiveram dificuldade em olharem-se ao espelho e aceitarem-se como são, animais eternamente selvagens que nem os figurinos civilizacionais conseguem maquilhar totalmente. Esse lado selvático sobrevive de muitas formas, principalmente na dificuldade de se rirem de si próprios e dos seus defeitos e, na actualidade, esse substrato desumano tem o nome pomposo de Economia Liberal, Economia Global…
A Comicidade é um desmaquilhante que tem a virtude de nos fazer ver mais alem do vidro do espelho, para além da mascara das aparências. De todos os seus filhos, a Sátira é a que se insere mais a fundo na alma humana, na alma da sociedade, porque é a que tem o olhar mais descarnado da realidade.
De todas as irmãs, a Sátira é a que se diz mais descarada, mais irreverente, por vezes raiando a má educação. O Grotesco tem um génio muito parecido com o seu, contudo falta-lhe um pouco da sua inteligência, o que acontece também com o Burlesco. A Ironia é aquela que prima pela esperteza do jogo dúbio, enquanto que o Humor se define pela subtileza da inteligência pura. A Paródia é a intelectual da família, e a Caricatura a obcecada pela fácies dos seres…
Regressando à Sátira. Dizem os estudiosos que a sua origem etimológica deriva das Saturas pequenas dramaturgias de cunho licencioso e sarcástico da cultura etrusca, que se diferenciavam das Fesceninias pelo uso dominante do canto e da dança, mantendo assim as suas raízes com as festas campestres desmascaradoras das falsas tragédias construídas pela sociedade humana. Era uma nova via de desenvolvimento das Comédias criadas pelo mundo grego, e que nesta nova Idade do mundo romano terá cultores como Lívio, Andréonico, Névio…
Entretanto o género Satírico desaparecerá, para só renascer na decadência da Idade Média, ou seja quando se verifica um renascer do equilíbrio do Homem como ser social, não subjugado pela mente guerreira dos feudos, mas como individuo integrado num vasto grupo de seres humanos. A Sátira não gosta nem da anarquia, nem da ditadura opressiva, antes prefere um ambiente de democracia para melhor fazer valer seus argumentos críticos.
É uma forma que procura preferencialmente nos governantes as suas vítimas. Quando nos finais do séc. XVIII, principio do séc. XIX se desenvolveu a critica politica de cunho humorístico na imprensa, de imediato se baptizou essa criticas politicas como desenho de sátira politica, o que é em parte um exagero, já que nem todos os desenhos políticos são sátiras. É a mesma questão da Caricatura, termo que se usava como englobador de todo o desenho de imprensa com cunho cómico, e que hoje em dia muita gente substitui por Cartoon. Sim, é a eterna confusão de Conceitos, de designações.
Esta nova comicidade, a “Sátira” nunca é totalmente nova, porque nada se cria, antes tudo se transforma, e como seu antepassado podemos falar das “Diatribas” gregas, ou seja a estrutura critico-cómica dos Cínicos, uma visão agressiva e amarga da critica social, onde a comicidade tempera-a como uma pitada de sal.
A máxima típica do satírico é “Ri melhor, quem Ri por último”, como se o jogo critico fosse uma competição de agressividade, de insolência, contudo a inteligência mais uma vez procura impor na comicidade a sua marca humana, e afastar o Homem da animalidade selvática. Por isso a verdadeira Sátira não joga com a mesma arrogância, a mesma irreverência ofensiva que o Grotesco.
A Sátira, como género próprio de Comicidade ou de Humor usa a inteligência da crítica com um fim moralista. É como as Fábulas, que têm uma base de moral, mas que no caso da sátira não anda pelo mundo da fantasia, mas antes pelas entrelinhas humorísticas da agressividade directa. Ataca os vícios do mundo, os vícios dos políticos, os pontos fracos do individuo para o alertar para a sua má conduta, dando-lhe hipótese de remediar a questão, de se corrigir.
Quase se pode afirmar que a Sátira é uma das formas criticas mais conservadoras, porque tem sempre uma moral mais rígida que a ironia ou que o humor, já que estas são mais irreverentes e mais progressistas. A Sátira critica com o peso de uma ética que o satirizador defende, uma moral consolidada já na sociedade em que o critico se insere.
A Sátira ridiculariza como um purgante, por que não quer provocar a indignação, antes a tolerância já que a sua critica não joga nas ambiguidades, antes vai directa ao assunto, apontando todos os elementos críticos numa tentativa de consciencialização pelo riso.
O riso, neste jogo crítico, não é um achincalhar, antes um piscar do olho à legítima indignação do criticado. Este deve ficar indignado pelos seus defeitos, pelos seus erros terem sido postos a nu, mas deve saber rir-se com o crítico, com a sociedade e ter a inteligência de apreciar até que ponto é certa a critica.
Claro que nos dias de hoje, com a falta de tempo, com o stress do dia a dia se vai ver se uma critica de humor político tem ou não moral, até mesmo se os políticos têm moral, porque o importante é fazer rir os leitores dos jornais, é apontar as opiniões de cada um e seguir para a frente, já que o desenho que hoje se publica na manhã, já está ultrapassado pelo jornal da tarde e do dia seguinte.
Contudo para cada palavra ainda existe uma definição, um conceito, e segundo os meus estudos, este seria o correcto para a palavra Sátira, uma critica com comicidade feita de uma forma agressiva e directa, com uma opinião moralista para obrigar a pensar os leitores e o visado.
Se resulta ??? …. Palavras atrás de palavras, é o que parece esta Paródia de mundos.

Wednesday, April 11, 2007

Muere caricaturista Johnny Hart


lunes, 9 de abril , 2007 - 04:20:59

Johnny Hart (RPP) Para millones de lectores de tiras cómicas, la edad prehistórica es para desternillarse de la risa con cavernícolas jugando baloncesto, hormigas yendo a la escuela, pájaros viajando sobre el caparazón de tortugas y serpientes jugando bromas.
Todo esto gracias al caricaturista Johnny Hart, quien murió el sábado a los 76 años mientras trabajaba en su casa en el cercano poblado de Nineveh. "Tuvo un ataque de apoplejía", dijo el domingo su esposa Bobby.
Hart lanzó su tira "B.C." en 1958 y la misma llegó a aparecer en más de 1,300 periódicos, llegando a unos 100 millones de lectores, según la distribuidora Creators Syndicate Inc.
"A menudo se le refería como uno de los mejores caricaturistas que hayamos tenido", dijo su amigo Mell Lazarus, creador de las tiras cómicas "Momma" y "Miss Peach", desde su casa en California. "Era totalmente original. 'B.C.' fue algo innovador y muchos lo imitaron, pero ninguno se acercó".
Hart, quien también participó en la creación de "The Wizard of Id", obtuvo numerosos reconocimientos por su trabajo, incluyendo el prestigioso premio Reuben al dibujante del año de la Sociedad Nacional de Caricaturistas y un premio del Congreso Internacional de Tiras Cómicas.

Thursday, April 05, 2007

A Ceia do Zé por Raphael Bordallo Pinheiro


Mudam-se os tempos, mudam as caras dos políticos, mas na realidade nada muda para o Zé Povinho. Continuamos a ser os crucificados, continuamos a ser os mesmos a sofrerem para que outros possam renegar-nos e viver a vida no fausto, no saque eterno da politica

,

Monday, April 02, 2007

Conceitos de Humor 3 - DA IRONIA

Por: Osvaldo Macedo de Sousa

Eu só sei que cada vez menos sei. Não é uma máxima da ironia socrática, antes uma reflexão crua da vida que com a idade vamos tomando consciência. Quanto mais queremos aprofundar os conceitos, confrontando-os com a realidade, com a execução no papel, e não apenas no âmbito filosófico, tomamos consciência de que não só não os conseguimos catalogar, assim como ficamos ainda mais confusos.
Prometi que ia falar da Ironia, mas a ironia da vida leva-nos à ironia socrática de que numa boa escrita, nunca se deve repetir a mesma palavra, senão chegamos à conclusão de que “só sei que nada sei”. Na expressão popular, ser irónico é “falar” de uma forma ambígua, expressarmo-nos de uma forma dissimulada. Isto porque a base da ironia do Teatro Grego é precisamente nesse sentido. Na Comédia Grega existe uma personagem tipo de nome “Eiron” que se caracteriza por viver da dissimulação, que nunca revela abertamente o objectivo das suas frases, das suas acções, sendo o contrário do “Alazón”, o fanfarrão que de forma comico-exagerada diz abertamente tudo o que tem de dizer.
Segundo alguns estudiosos a raiz da palavra ironia contemporânea provem desse termo Grego, que para além de personagem era também conceito de forma de estar entre as variantes da comicidade. É um aspecto de comicidade que alguns filósofos, como Aristóteles definem como uma crítica impura, um lógos imoral.
Outros estudiosos consideram que a origem da palavra actual ironizar, provem do verbo grego “questionar”, razão pela qual Sócrates é considerado como o pai de uma certo conceito de ironia, a ironia socrática. A ironia será a base da sua forma de se expressar, não como estrutura de comicidade, mas de dialéctica, de astúcia pedagógica. Através dos contrários, da pergunta respondida com outra pergunta, do fingimento do desconhecimento levando o interlocutor de negativa em negativa até á descoberta da “realidade”, ou do pensamento tal como o primeiro interlocutor desejou desde o princípio impor. Fá-lo sem impor logo ao segundo interlocutor o pensamento, obrigando-o antes a ir ter com ele e descobri-lo como se fosse uma dedução sua.
A anti-frase é um processo de diálogo que pela sua complexidade nos leva ao sorriso pela vitória sobre a arte da dissimulação. A comicidade está no prazer da dedução, da descoberta. Essa a ironia da vida dizer que não para os outros concordarem connosco no sim. Sim parece pura politica camaleonica. Por ser um esquema de pensamento obscuro, alguns pensadores apresentam-na como o lado negro do sarcasmo, ao pondo de o confundirem como o humor generalista, definindo-o como obra do diabo, satânica. Outros definem-no como a pureza da inteligência humana, da vitória do existencialismo feito sorriso.
Considerada como uma estrutura não propriamente cómica, já que o seu aliado não é a gargalhada, mas o sorriso, acabou por ser afastada dos estudos do cómico da Idade Clássica e da Idade Média, para ser recuperada aos poucos pela Renascença.
Naqueles períodos históricos viveu-se o triunfo do cómico de grupo, o cómico de massas vividas como canalização dos excessos, como descompressor de tensões. A ironia nunca pode ser, pela sua composição, uma arte de massas, antes uma fórmula de pensamento individualizado, de grupo restrito. Se existiu na Idade Clássica como comicidade teatral, sobreviveu essencialmente como pensamento socrático, para recuperar depois esse lado de singular comicidade a partir do momento da individualização do Homem na sociedade.
A comicidade, como festa, como organigrama de sobrevivência dos povos sofreu no final da Idade Clássica e durante a Idade Média a perseguição do pensamento das religiões monoteístas, principalmente do pensamento cristão, aterrorizado pelo triunfo da irreverência. Neste âmbito o gozo da carne, o gozo do cómico era uma ameaça para a consagração do sofrimento, da dor de Cristo. Os Homens não devem viver o triunfo do riso, antes viver o medo do Inferno, o medo do pecado. O riso era muito mais perigoso que a palavra, razão pela qual todas as ordens monásticas o vão condenar e considerar o pior inimigo fo voto do silencio. Uma palavra pode-se sussurrar sem perturbar os outros, enquanto que o riso não só denuncia o pecador, como contagia. Mas a ironia da vida fez com que fosse a própria igreja a recuperar a Ironia como arma de púlpito na guerra entre reformadores e contra-reforma.
Com o Renascimento verifica-se e decomposição do riso popular, do riso de grupo +ara impor o riso individualizado, mais subjectivo. Essa subjectividade é o fim do riso como cumplicidade social contra o poder, é o triunfo do controle do riso pela ética, pela moral, pela política. A comicidade deixa de se basear no baixo-ventre, para se impor como estrutura especial de pensamento, muito mais intelectualizado, onde o Humor triunfará sobre o chiste, sobre a brejeirice. Renascem velhas estruturas de ironia, de sátira, de sedução cómica. O grotesco dá lugar ao subtil pensamento. Maquiavel será um génio da ironia, mas de todas as ironias a que mais se celebrará pelos séculos será a de d. Quixote, serão as obras de Cervantes.
A ironia por ser uma estrutura de pensamento elaborado, diz-se que a ingenuidade não tem cabimento na sua formulação. Ora o D. Quixote é precisamente um jogo de ambiguidades onde se põe em conflito uma certa ingenuidade e a realidade. A ambiguidade não está na escrita de Cervantes, mas na realidade, e D. Quixote obriga-nos a ver o sensato no contra-senso do insensato. É uma reflexão sobre a vida em que a comicidade trágica nos mostra a comédia do mundo e que no meio do riso e do choro nos faz compreender a relatividade da verdade perante o mundo. A ironia das ironias é quando D. Quijano está a morrer, deixando cair o sonho de D. Quixote, vencido pela mediocridade dos loucos que não compreenderam que ele era um louco só porque o queria ser, clama que sonhar pode ser loucura, mas maior loucura é o Homem deixar-se “morrer”.
A ironia ganhará maior força com o Romantismo, onde a aparência se sobrepõe ao real, onde tudo não passa de uma encenação poética. Todo o pensamento procura ter um sentido filosófico em ironia de dissimulações. O Belo é coroado como o ideal do ser humano, e tudo tem de procurar atingir esse ideal. A Moda é um estado de ironia mental, em que se procura esconder a realidade com máscaras. O Marketing é a vitoria da ironia das necessidades…
O humorista desta Idade Contemporânea, refutando a comicidade do grotesco, sonha em ser um “Quixote” da sociedade, procura ser um “naif” à procura da pureza da humanidade. Quer usar o humor como um “binóculo” para alertar os Homens de seus erros, procura denunciar os defeitos e incongruências dos políticos e dos senhores do poder, mas como ingénuo que procura ser, não atinge minimamente os seus objectivos.
O Humor puro é simples diversão. Faz-nos sorrir e chorar. Faz-nos rir e amar, mas raramente catequizar, pois vivemos num mundo individualista, individualizado. Por esse motivo ao humor teve que se adoçar outras formulas mais irreverentes, como é o caso da ironia.
Com o século XIX deu-se o triunfo da ironia que o final do séc. XX subverteu, levando os políticos a impor ironicamente a fórmula da ética do “politicamente correcto” para se defenderem das farpas mais agrestes. Com a ironia romântica a critica humorística jogou ao rato e gato com a opressão, com a censura que o liberalismo ironicamente criou como sua defesa contra o absolutismo. Contra a opressão jogou com a opressão e ao pensamento critico só lhe restou o arte da dissimulação irónica em ironias politica e sociais. Dessa forma se procurou manter a democraticidade do humor, brincando com contraste, com alegorias, com paródias, mantendo o ECO do sorriso (Elegante, Conveniente e Oportuno), e estabelecendo empatias de cumplicidade e de reconhecimento das criticas.
Mas nem todos conseguem manter esse ECO, ou nem todos os políticos e senhores do poder merecem ser tratados com dignidade. Por vezes a irreverência tem que ir mais fundo, tem que ir ao âmago da alma da sociedade. É necessário recuperar a critica do grotesco, de denunciar os ridículos, e nesse caso nada como a sátira para dentro de uma certa estrutura democrática atingir mais fundo a crítica.
Será de sátiras, não de sátiros que procurarei falar futuramente.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?