Saturday, December 01, 2007

HISTÓRIA da arte DA CARICATURA de imprensa EM PORTUGAL (parte 3)

Por: Osvaldo Macedo de Sousa

O NASCIMENTO DA HISTÓRIA DA CARICATURA DE IMPRENSA EM PORTUGAL

Não sabemos a data certa da primeira caricatura impressa de autoria totalmente nacional. Ninguem gosta de se apresentar sem saber os anos certos da sua existência. Quem foi o primeiro ? Ninguêm gosta de se apresentar com pai desconhecido. Já encontramos varios nomes de gravadores que fizeram sátira, como João Baptista Ribeiro, um tal Filgueiras, um Flora, um Sendim... Contudo estas gravuras ou não passávam de meras ilustrações para embelezar a página, e tinham fraco indice satírico, ou não estavam inseridas no jomal, na gazeta. Estas últimas, verdadeiras irreverências gráfico-satíricas eram, normalmente folhas volantes, trabalhos esporádicos que surgiam de vez em quando para pontapear algum político, ou cacique num momento certo. Neste período destaca-se o “Ramalhete” (1837/39), o “Óculo” (1847), e o "Procurador dos Povos" (1838/1848) o periódico que mais gravuras satiricas publicou antes de 47.
Tal como na história da imprensa, os investigadores têm co1ocado os seguintes requisitos para marcar a data do seu nascimento: regularidade na sua publicação; serem trabalhos noticiosos ligados aos acontecimentos do dia a dia, e serem de autoria reconhecida.
Todas estas caracteristicas se reúnem no ano de 1847, no Suplemento Burlesco de "0 Patriota" (1847/1853).
"0 Patriota", jomal de tendência ‘Setembrista’, propriedade de Leonel Tavares, era porta-voz de uma facção mais radical, que utilizava no jomal todas as armas para veicular as suas ideias, e destuir os adversários. Iniciou a sua publicação em 1843. A 12 de Agosto de 1847 (ao numero 954) acrescenta-lhe um "Supplemento Burlesco", com tamanho de papel diferente. Era um jomal dentro do jomal, um com função mais noticiosa, e outra mais interventiva, irreverente e critica. Segundo esclarecimento no Patriota do dia seguinte eram mesmo dois jornais diferentes, num só: «A redacção do Patriota declara que é absolutamente estranha e alheia aos suplementos que ontem se começaram a publicar com este jornal; são outras as pessoas que escrevem para o Suplemento». Cuta a crer nisso, parecendo mais uma podição de protecção contra investida de censores que pudessem penalizar o jornal pela irreverência do Suplemento, contudo, mais tarde terão que vir defender-se, afirmando o contrário, como se pode ver em citação posterior. De todas as formas o ideario era o mesmo, como se pode 1er nesse primeiro Suplemento ao número 954 do Patriota:
«Cabeçalho em Forma de Profissao de Fé Política »
«Nascemos : lançaram-nos neste vale de tagrimas, neste mundo corrupto, cheio de imundices, de soldados, de algaravios e de Castilhos, em o ano económico de 1799 em que Portugal celebrou um tratado de paz e a amizade com a regência de Tripoli de Barberia; primo-co-irmão do protocolo de 21 de Maio.»
«Uma velha, espécie de bruxa, que morava na nossa vizinhança tirou-nos as cartas, estremeceu de horror, torceu o pescoço a um gato que tinhamos, e disse a nossa mãe: este menino está reservado para grandes coisas, há-de vir a ser patuleia; e as cartas dizem mais que durante a sua menoridade verá um homem de cor parda, ministro dos negócios estrangeiros, que apesar de ser mulato há-de teimar que é branco, do que se hão-de seguir grandes males a Portugal, que apesar de tudo, acrescentou a velha »
«Há-de ser perseguido »
«Nunca vencido !!!!»
«Passados os primeiros anos da nossa mocidade frequentamos grande número de universidades estrangeiras, e depois de um curso completo de direito público, de ...rsivo, letra gorda e de clinica médica, formamo-nos em ciências abstractas, para melhor conhecermos o coração humano e o corpo social, e por isso dizemos afoitos que Manuel Duarte Leitão tem de morrer doido.»
«Com o andar do tempo (que ainda nao era o Tempo dos renegados ) vieram as constituições, os achaques e as revoluções, e nunca nos fizeram deputado, no que a nação perdeu imenso, segundo a nossa opinião filosófica.»
«Á força de fadigas, empenhos e trabalhos, conseguimos ser dispeçados de um dos batalhões de guarda nacional de Lisboa. »
«Levou-nos Deus ao Campo de Ourique por ocasião da Belemzada, e continuando as revoluções, os achaques e constituições, depois de muitos empenhos, nunca fomos feridos a favor da nossa adorada rainha a senhora D. Maria 2ª, que Deus guarde por muitos anos como todos os bons portugueses havemos mister.»
«0 nosso corpo não tem pois lesão alguma, quer moral, quer física, temos bom apetite, abdómen desembaraçado, ainda que constituição fraca pelos ataques nervosos da região superior.»
«Somos patuleias, por embirração, por pirraça e por melancolia, e como pertencemos a uma nação que é senhora da Guiné, Mar em Africa, Conquista e Navegação, que tem não sabemos que, na Etiópia, Arábia e Pérsia; por isso temos o direito de acreditar que os irmãos Cabrais não são pessoas limpas de mãos.»
«Não assistimos á morte do Conde Andeiro porque ainda não éramos nascidos, mas tivemos a ventura de conhecer o Dietz, que graças a Deus ainda vive. Tão pouco fomos ao Cartaxo comer arroz doce com o invicto das caras para nos não engasgarmos com as tais letras de polegada que tanto deram no goto ao padre Eleutério.»
«Lamentamos do fundo d’alma, que o reverendo Marcos passe aos olhos da nossa antiga e fiel aliada como o nosso primeiro borrachão, e estamos persuadidos, que se o padre bebe, é só para conservar a saúde; pois e a aguardente conserva as frutas, muito melhor conservará o corpo humano. Assim o assevera o publicista Vattel e outros muitos.»
«Sempre achamos o Proença muito feio e muito rombo, e por esse motivo, e mais dos autos, continuaremos a guerrear um partido em que se roubam conegos, rainhas de Sundem, e em que há Trasimundos e imundos, pernas de pau, cambados, coruscantes, sacripantes, tratantes, reis de Molembo, circulos bicudos, algaravios modelos de disciplina que estripam gente por essas ruas como quem bebe um copo d'agua, e com tais defensores da carta nao queremos nem ir para o céu; antes preferimos ser condenados a comprar e 1er a farmacopeia do europeu Albano, ou a comer milho miudo durante um mês.»
«0 nosso credo politico, os nossos princípios, a nossa religião, a nossa bandeira, os nossos amores, a nossa Dulcineia del Teboso, são a Maria da Fonte, porque o fado tem de cumprir-se, porque quando ainda no berço nos tiraram as cartas prognosticaram elas que teríamos de ser grande patuleia.»
«Somos fatalistas, e por essa razão estamos convencidos, que todos nascem com a sua estrela; boa ou má; a nossa guia-nos para onde for o povo, já agora temos de a seguir.»
«Resta-nos pouco a dizer ....................................................................................................... ...................................................»
«N.B. Somos obrigados a declarar para inteligencia do leitor, que faltando-nos o estro para continuar esta nossa profissão de fé, a damos aqui por acabada e finis coronat opus. Este latim vai aqui bem encaixado e nada deixa a desejar.»
Este suplememo era dirigido pelo jomalista Bemardim Martins da Silva (o tal nascido em 1799), tendo como seu colaborador um litografo, que ficaria conhecido por "Lopes Pinta Monos".
A gravura (litográfica ou de madeira) já era comum na nossa imprensa, em pequenas ilustrações de início de artigo, de Parágrafo, ou de composição gráfica da página. Neste suplemento, este gravador (eventualmente em colaboração com mais alguns outros, pois não sabemos ao certo quantos mais trabalhariam neste suplemento), criará o desenho satírico de intervenção política, género que contemporaneamente se costuma designar por cartoon. Esta ilustração surge como testemunho noticioso da semana, como critica directa aos acontecimentos contemporâneos. Paralelamente desenvolverá a caricatura pessoal (retrato-charge), criando um álbum caricatural das ('Glórias') figuras Contemporâneas.
Curiosamente o primeiro desenho deste Suplemento, que retrata ou tal Ministro dos Negócios Estrangeiros mulato que‚ tem por baixo a legenda: ‘Cheguei, Vi e Venci’. Não se referia esta legenda propriamente ao desenho satírico, como género que acabava de se desenvolver, antes é uma frase promissora, uma feliz ironia de uma realidade. A partir de 12 de Agosto de 1847 a Caricatura, o Desenho Satírico chegou, viu e venceu na Imprensa Portuguesa até aos dias de hoje.
Deste modo nasce, não a caricatura gráfica portuguesa, mas mais correctamente a História da Caricatura na Imprensa Portuguesa. Para trás fica a pré-história, que como na história do mundo é mais longa que a própria história, e que poderá ter começado no dia em que um D. Afonso Henriques corre com a sua mãe do trono, que um Egas Moniz, em defesa de uma Honra se entrega sob o aspecto satírico de condenado á forca ao Rei de Leao… Uma pré-história humorística muito literaria, que a partir do princípio do séc. XIX se misturou com a própria História da Imprensa em Portugal. A eIa viverá ligada, tratada muitas das vezes como bastarda, como sub-produto, ou como única razão de sobrevivência e êxito do titulo. Amada e mal-amada, conturbada sera esta história que assim começou, sob a assinatura de ‘pinta monos’ que ‘envergonhado ‘ da sua alcunha assinava com pseudónimos. Nascimemo burIesco este, em que a arte é apelidada de monos. Depois de 'monos' passou a 'boneco'...não como apreço á arte, mas por ‘desrespeito’ ás glórias caricaturadas. Actualmente, por desaparecimento de uma certa gíria, tornaram-se espécies em vias de extinção não só os bonecos, como os linguados…
Voltando á História. De repente encontramos a caricatura instalada na imprensa Portuguesa com uma força, e uma intervenção tão sistemática, que nos surpreende, e levanta-nos a curiosidade. Porquê este surgimento repentino ? Consequência da "Patuleia" ?
A Guerra Civil que se trava ao longo deste início de século não se regista apenas entre políticos, mas entre formas culturais de estar na sociedade, entre um regime caduco, e uma nova forma de viver, comunicar, de progredir.
Por outro lado a luta também não se regista apenas entre Miguelistas e Liberais (Velho regime e novo), mas também entre diferentes facções Liberais, seja por diferenças de opinião de forma de introduzir o ‘iluminismo’, e a democracia, mais radical, ou de uma forma mais lenta e conservadora há também os jogos de interesses pessoais de ocupar o poder. Era uma guerra civil de grupos de influência, uma transposição do caciquismo absolutista, para um liberalismo feudal, com guerras intestinas que ultrapassavam por vezes as questões ideológicas.
A "Patuleia" (46/47), mais uma das revoltas entre liberais, que o país se ia habituando, apesar de impor maior perseguição á imprensa (a abolição da censura era uma das promessas dos Liberais), e ás ideias dos diferentes partidarismos, virá criar campo propício à perseguição, criar espaço a lobbys políticos, onde o ‘setembrista’ “0 Patriota”, profundo inimigo do ‘cartismo’, gozou de algum privilégio, ou razão de existência satírica. Sendo oposição ao governo instituido, era um mal necessário.
Como testemunhará Júlio César Machado (no Livro "Lisboa de Ontem") «no dia em que se publicáva não se pensáva noutra coisa, não se faláva senão disso. Gostavam de o 1er moços e veIhos». A imagem desde logo triunfou, num pais onde o analfabetismo tinha uma taxa muita alta.
No Supl. Burlesco de "0 Patriota" destaca-se, como foi referido, o trabalho de um artífice da litografia, o tal 'Pinta Monos'. É Luís Augusto Palmeirim, que no seu livro "Os Excêntricos do meu tempo" de 1891, que nos deixou a única referência escrita sobre este artista: «O autor das caricaturas era geralmente conhecido pela designação do Pinta Monos, com que o próprio redactor do Supplemento chrismara o seu colaborador. Não me recordo n’este momento do nome do Pinta Monos, mas só me 1embro de que era um rapaz triste, doentio e já então em princípio de tísica pulmonar que mais tarde o levou á cova.» O Historiador José- Augusto França no seu livro sobre Raphael Bordallo Pinheiro, acrescentará o Lopes, certamente devido a informação no Dicionário Jornalístico Português de Xavier da Silva Pereira, que não consegui consultar.
Este 'Pinta.Monos' é seguramente o 'Cecilia', o autor dos melhores trabalhos, ao lado de o 'Maria' (que também pode ser ele, pela semelhança de traço). Mas haverá mais gravadores, mais jornais a publicar suplementos, folhas inseridas, como o "Procurador dos Povos" (também ‘Setembrista'), a "A Matraca” (este ‘Cartista', que durante o ano de 48 publica a "Galeria Pitoresca dos Heroicos Magnates da Corte da Maria da Fonte", folha essa que após dissidência interna viverá independente), a"Gralha"…
Leonardo De Sá e António Dias de Deus (‘em Antes e Depois: Prazeres sem sequência’ pág. 25, supl. do 13), aceitam a data de Agosto de 47 como o início da caricatura gráfica em Portugal, mas defende que é com o «nº 1 de ‘A Gralha’, de 4 de setembro de 1847, temos os primeiros cartoons portugueses devidamente autenticados - com a assinatura de Filgueiras». No livro Os Comics em Portugal António Dias de Deus afirma mesmo «em 4 de Setembro de 1847, encontramos o nº 1 de “A Gralha” vários cartoons com legendas de balão, assinados Filgueiras. Parece ser esta a primeira autenticação directa de um cartoon português, dado que as assinaturas depositadas noutras anedotas coetâneas não passam de pseudónimos». Será que é mesmo o seu nome, Filgueiras, ou pseudónimo ? Uma questão por agora impossível de encontrar resposta, de todas as formas não temos qualquer dado biográfico, o que não acontece com o caricaturista de “O Patriota”.
Surgem mais trabalhos publicados, contudo, com ressalva para o Pinta Monos (Cecilia - Maria) os trabalhos não atingiam uma qualidade estética de registo. Inclusive intensificou-se o aparecimento e ilustrações noutros jornais, se não de cunho satírico político, pelo menos com humor e sátira social, trabalhos onde os historiadores da BD vão buscar as origens desse género gráfico (como na Revista Popular…).
É certo que como o Sz, ou Souza (Estevão Duarte de Souza), e o Coelho a qualidade da ilustração é diferente, mas mais no campo dos jornais de ‘instrução e recreio’. Uma dessas publicações, a “Revista Popular - Semanário de Literatura e Industria” (que inicia a sua publicação em 1848) apesar de não publicar sátiras políticas, imprime uma série de ilustrações, que se podem considerar como sátiras sociais, sátira de costumes. Segundo sua afirmação, com “gravuras originais em madeira executadas por artistas nacionais”, e desvendado no nº 8 o nome de José Maria Baptista Coelho (pelo menos as gravuras não humorísticas) como o autor desses trabalhos. Contudo, como poderemos ver mais adiante, normalmente era o Manuel Maria Bordalo Pinheiro quem fazia o croqui com a ideia, e este gravador executava na madeira. Será o Manuel Maria Bordalo Pinheiro o primeiro autor de desenhos de humor totalmente identificado ?
Este é na verdade um fim de década promissor, contudo havia muito caminho a percorrer, e o aumento de trabalhos satíricos publicados nos jornais noticiosos, ou burlescos, não foi sinónimo de aperfeiçoamento da arte da gravura global, já que a maioria dos artistas continuavam a ser simples artesãos de uma ‘industria’ gráfica. Os nossos artistas não tinham sabido apreender toda a arte dos mestres gravadores que por cá passaram no passado, essencialmente porque estes tinham vindo através da corte, através da elite artistica e intelectual, mas talvez também por algum desinteresse por uma arte que era mal paga, ainda não tinha grande saída profissional… Na Revista Popular nº8, quando desvendam a identidade de José Maria Baptista Coelha, queixam-se das dificuldades da arte, e testemunham que esta habilidade reconhecida pelo público «só pode ser excedida pelo seu (de Coelho) zelo e deligência em aperfeiçoar-se na arte em que tem feito tão grandes progressos. Oxalá que os nossos governos, attendendo seriamente a esse importante objecto, animem estes e outros distinctos artistas a prosseguir na gloriosa tarefa que se impozeram» (pág. 58)
Por outro lado denota-se na maioria, pouca apetência para apreenderem as artes de humor das gravuras estrangeiras que se importavam, talvez por diferenças culturais, educacionais, ou mesmo de estratégia política. No campo das gravuras que narram pequenas ‘histórias narrativas (aos quadradinhos)’ o que se encontra é fundamentalmente a cópia, a adaptação crua. Certamente aquele humor mais elaborado entrava em choque com a arte de escárnio e mal dizer mais contundente que sempre dominou o nosso espírito.
Estes artistas gráficos mais não eram que simples operários, sem cultura política, ou estética, onde a questão jornalística era mais importante, e que ilustravam grosseiramente uma legenda, um texto satírico…Contra a repressão, a ditadura, o despotismo fervilha sempre a violência. e contra o cabralismo não poderia haver outra forma de diálogo jornalístico. As caricaturas da imprensa noticiosa desta época são fundamentalmente de teor político, anónimas ou assinadas por pseudónimos como Maria, Affonso, Eu, Buffon, Júlio, Cecília… em jornais como “O Pharol” (1848), “A Fonte” (1849-50)…
A sátira, expressão simbólica, utiliza então como primeira arma a Alegoria, construindo com os nomes dos personagens, ou actividades, a caricatura ligada a simbologias ou alegorias de fácil compreensão. Como segunda arma utiliza a metamorfose antropomórfica.
Por cá passaram alguns retratistas estrangeiros com alguma qualidade, exímios gravadores de rostos, e estes sim deixarão alguma escola, e talvez essa a razão pela qual a caricatura destes primeiros anos utiliza o retrato simples como base, e a sátira advêm do ‘cenário’, dos ‘complementos’. Assim, e não só em Portugal, a caricatura desenvolve-se em macrocefalia, ou seja com cabeças muito grandes, onde a identidade fica assegurada, depois complementada grosseiramente com os elementos que farão o riso, que satirizarão a 'vitima', ou o que ela significa no momento político e social.
Esta utilização da semelhança, ou aliança do homem-nome com os animais e objectos, é uma das mais antigas fórmulas de sátira popular. E dessa forma nasceu não só a arte dos nossos primeiros 'artistas' caricaturais, como a primeira vedeta da nossa sátira caricatural - o Costa Cabral, o cabralismo e, por simbologia a Cabra.
Assim os elementos ‘cabreiros’, ou seja os cascos, e mesmo o corpo da cabra impor-se-á aos cabralistas. Sendo o irmão de Costa Cabral Conde de Tomar, esta designação de povoação transformar-se-á em acusação de roubo, 'tomando' tudo a seu favor. Serão também conhecidos pelo Chibo de Algodres, terra natal da família…
O anonimato não é uma simples fuga a responsabilidades, no caso da caricatura política, mas uma defesa do caricaturista perante o “mau génio”, a falta de humor do governante. Como ‘missão’ liberal-democrática, o caricaturista ataca a política governamental, defende os interesses do leitor-povo, toma a palavra pela oposição em geral, ou por um sector específico. A liberdade de imprensa e de pensamento nunca foram uma constante muita duradoira no nosso país, e por isso, sempre foi necessário procurar subterfúgios de comunicação para dizer as verdades que os dirigentes preferiam não ver. Talvez essa uma das razões por a língua portuguesa ser ‘muito traiçoeira’.
Estes primeiros anos são um período de panflaterismo, de radicalismos, e se o ideal de objectividade‚ defendido posteriormente pelos caricaturistas era conseguirem «ser oposição aos govemos e oposição as oposições», neste período desejam ser apenas oposição, e a imagem que nos ficou destes primeiros anos de caricatura é: «A miséria do povo, enquanto os governantes se enchiam. 0 povo, os empregados públicos são esqueletos, e Costa Cabral esta cheio como um ovo» (18/11/1847). «A Fórmula do domínio esta consagrado no 5º Poder - 0 Cacete» (16/4/1848), "a luva de ferro" (16/4/1848). «0 comunismo cabralista é o roubo» (7/4/1848), e "seus ministros sao uma quadrilha de ladrões" ( 15/5/1849).
Costa Cabral, «o vendilhão deste país» (16/11/1849), transformou-o num «armazem de comendas por Groço e Miúdo» (7/11/1848), para quem o apoiasse, enquanto que para os outros havia o peso da justiça, uma mulher que se vende (14/2/1849). Nesta paisagem, a liberdade de expressão é uma Rolha enfiada na boca dos pensadores (1/2/1850), imposta pelos «gatos pingados da liberdade d’imprensa» (12/5/1850).

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