Sunday, December 16, 2007

HISTÓRIA da arte DA CARICATURA de imprensa EM PORTUGAL (parte 7)

Por: Osvaldo Macedo de Sousa

NOGUEIRA DA SILVA- 1

Esta é uma história que nos volta a 1848/49. O elo de ligação de Manuel Maria/Revista Popular, para os novos jornais de humor será Nogueira da Silva. Como refere Caetano Alberto em “O Occidente” de Março de 1885.(pág. 67) «Nogueira da Silva póde ser considerado um dos fundadores da gravura em madeira, no nosso pais, porque contemporâneo de Manuel Maria Bordalo Pinheiro e de José Maria Baptista Coelho os dois que primeiro cultivaram em Portugal a gravura em madeira, é certo que Nogueira da Silva é que lhe imprimiu o maior impulso e a fez progredir e aperfeiçoar, pondo ao serviço d’ella o seu bello talento e a sua rara aptidão.»
Francisco Augusto Nogueira da Silva nasceu em Lisboa a 26 de Setembro de 1830, e viria a falecer a 13 de Março de 1868. Pelo meio ficou uma obra de registo, tanto como gravador, teórico, professor... e fundamentalmente como humorista, sendo o primeiro de que se conhece identidade e biografia a merecer esse nome.
Ele próprio nos deixaria uma resenha biográfica, precisamente no ano da sua morte (in Panorama nº 1 de 1868 pág. 1). «Sou eu um indivíduo pouco apto para a escrita, assim como para tudo. A comadre que me recebeu em seus braços quando nasci devia por força ser a perguiça, ou, pelo menos, chamar-se Perguiça, porque os nomes também influem na indole das pessoas. Depois falta-me a circunstância mais essencial para os artigos proprios d’estas estampas, ou d’estes assumptos, e , mui principalmente do genero de taes jornaes.»
«Antes de tudo é necessário ser erudito, mui erudito, o que equivale a dizer que é preciso ser o mais massador possível. Em seguida ter de usar de um estilo simples; quer dizer pouco salgado: estilo de dieta, que é para não fatigar esse admirável e mysterioso estomago da cabeça, chamado cerebro, do leitor, que tem de degerir ums descripção, que poderia ser quatro vezes menos minuciosa, menos austera e menos grave.»
«Ora eu nunca tive peito bastante amplo para acomodar o espesso manto de pó em que as bibliotecas jazem envoltas. Enquanto a sal, é matéria que em mim abunda; não d’aquele que faz rir, nem do que faz chorar, como o da maior parte dos que temperam essa caldivana de artigos e folhetins que todos os dias nos dão a tragar; mas de sal que provoca caretas mais ou menos amenas: nem sal francês, nem sal português que azeda um pouco a lingua dos que precisavam ter sempre a boca cheia de pimenta»
Júlio Cesar Machado (no Diário de Notícias de 4/11/1875) descreve-o como um «homem de impreemeável seriedade, nariz arrebitado, testa pouco significativa, atitude inteiriça: era feio, enfim, parecia uma de suas próprias composições a andar pelo seu pé; foi homem de merecimento, applicado sempre em adquirir conhecimentos novos e aclarar os que já tinha…»

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