Monday, March 31, 2008

Historia da Caricatura em Portugal (Parte 21)

Sebastião Sanhudo - 1
Por: Osvaldo Macedo de Sousa

1877
Este novo ano de 77 trará um novo fôlego ao mundo gráfico-humorístico. Nascem os jornais "O Serrote", “O Pavão", e "O Gajo" onde Manuel Macedo dará colaboração, assim como "XPTO" jornal sem qualquer história, mas que terá um cabeçalho da autoria do Columbano Bordallo Pinheiro.
Este filho de Manuel Maria será no fundo a grande referência da pintura nacional, em que a alma sombria e triste ficará como marca, embora pareça, segundo contam testemunhos de vivência, que na juventude era mais humorista que o irmão. Se estes títulos são referência de 77, mais importante será o surgimento de Sebastião Sanhudo em "O Pae Paulino".
O "Pae Paulino" é o nome de um dos 'bravos do Mindelo', um negro brasileiro que após as lutas liberais se ficaria pelo Porto (morre em 1870), tornando-se uma figura típica desta cidade. O jornal baptizado com este nome é propriedade de A.M. de Souza, dirigido por Agostinho Albano, tendo como ilustrador Sebastião Sanhudo. "0 Pae Paulino" é um «Periódico de Câmara - Óptica. Quando se fallou n'esta publicação, disse um intrometido: - Que não era necessária, porque já havia muitas. Mas accudiu logo um orador, exclamando: - Que era precisa, porque não havia nenhuma! Seguiram-se debates, e apurou-se, finalmente, que ambos os contendores tinham razão. Mas que o último é que era realmente o mais racional. Ainda que também se concordou que o primeiro não era tolo de todo definitivamente. Isto posto, seguiram-se vozes: - Precisa-se d'um periódico de muito alcance! E outras vozes exclamaram: Appoiado! N' esta parte, entremetteu-se alguém, perguntando: Se era appoiado pelo governo ou pela opinião publica? Os oradores demoraram-se três horas a explicar que o appoiado fôra, exclusivamente, respeitante à índole da folha. E isto foi muito bem visto aos olhos de Deus. E de muito bom agouro. Porque se n'uma coisa tão simples se gastou tanto tempo, por mais simplório que fosse o periódico prometteria longa duração.»
«Por causa do título, principiaram com os symbolos às voltas, e quizeram que o jornal se chamasse: A BALA, A POLVORA, O CANHÃO. Mas isto fez muito fumo, e não feriu ninguém de modo que ficasse mortalmente convencido. - Um periódico de muito alcance... - Um periódico de muita vista... - Ora adeus! Ahi temos nós o Pae Paulino. - Um symbolo que tem ôlho!»
«D'aqui em diante, os trabalhos começaram com toda a regularidade, e ficou resolvido que o Pae Paulino fôsse: Um periódico de bons costumes - uma vez cada semana. Que esta abstenção de mau procedimento não pudesse custar, até ver, mais do que um vintem. Que tivesse duas páginas de Ilustrações de todos os assumptos mais cómicos do paiz, e seus arredores, até à China, inclusive ...»
Contudo o mais importante será o Sebastião de Sousa Sanhudo, um artista que ficará referenciado como o Raphael do Norte («O seu talento de humorista vincou traços admiráveis, de concepção e de verdade. Sem a impetuosidade do génio criador de Bordalo, todavia salientou-se e por tal modo, que mere­ceu o apodo de Bordalo do Norte» in "Civilização" nº 37/1832 pág. 22). Não terá o génio humorístico do mestre, apesar de na técnica da litografia lhe ser superior, mas foi um artista inteligente, que soube dominar as suas limitações, soube ser original não caindo na imitação raphaelista, soube procurar o seu público, e dessa forma triunfar numa longa e bem sucedida carreira. O próprio Raphael cultivará com ele a amizade, e a admiração pelo seu trabalho independente, como o farão Leal da Câmara, Celso Hermínio e tantos outros.
Natural de Ponte de Lima, onde nasceu a 20 de Fevereiro de 1851, viria para o Porto no início da década de 70, mas como refere Alberto Meira num Brevete Biográfico: «Desde muito novo se manifestou a sua predilecção pelo desenho, que ensaiava livremente, sem mestres, nem orientadores. Assentou praça como voluntário aqui, no Porto, e passando a pronto, serviu numa das repartições do Quartel General da Divisão, facto a que não deve ter sido estranha a influência de seu padrinho, D. Sebastião Pereira da Silva, da Casa de Bertiandos.»
«Frequentou por essa época a Academia Portuense de Belas Artes e, como aluno do 3° ano de Desenho, apresentou na Exposição trienal de 1874 dois trabalhos, sendo um deles o retrato do Comandante da Divisão, General José de Vasconcelos Correia, depois Conde de Torres Novas. Por aí ficaram as suas habilitações oficiais.
Obtida a baixa do serviço militar e entrando na chamada vida prática, estabeleceu uma oficina de litografia que a breve prazo adquiria larga clientela e se recomendava pela perfeição dos trabalhos. Tal actividade industrial, pacata e ordenada, não se harmonizava inteiramente com o temperamento crítico, indisciplinado, mas sempre bondoso e folgazão do Artista, e eis que, em 1877, aparece-nos como ilustrador de «O Pai Paulino», semanário humorístico, tendo Agostinho Albano como director, e Moutinho de Sousa como gerente.»
Alberto Meira não refere aqui onde aprendeu ele as técnicas da litografia, mas segundo testemunhos dispersos cremos que já em Ponte de Lima ele foi aprendiz de litógrafo, e artes gráficas, que aperfeiçoou no Porto, e só depois de se sentir senhor de todas as técnicas, e não querendo trabalhar para os outros, se estabeleceu, com sucesso em casa própria. Ficaram célebres os retratos que o seu estilete gravou na pedra litográfica, e que fizeram da sua oficina um centro de arte, uma tertúlia viva.

Wednesday, March 26, 2008

Historia da Caricatura em Portugal (Parte 20)

1876
Raphael ausenta-se do país, contudo a sua obra continuará a aparecer publicada, ou porque já estava feita, e só aparece depois, ou porque envia do Brasil. Dessa forma vamos encontrar o "Almanach das Artes e Letras" (1876), o "Almanach da senhora Angot" (1876 e 77), assim como o "Álbum de Caricaturas - Phrases e Anexins da Língua Portuguesa" (1876).
Neste último voltam a aparecer todas as dificuldades técnicas da gravura destes primeiros anos, principalmente quando procura seguir as estéticas realistas de seu pai e de Manuel Macedo, como é este o caso. Quando faz um traço mais simples, e repentista de caricaturista, encontramos outro domínio técnico.
Em 1876 a vida humorística em Portugal segue pachorrentamente a sua trajectória, com o reaparecimento do "Demócrito" (por pouco tempo); surge "A Rebeca do Diabo", sem qualquer interesse, e desenvolve-se a moda dos almanachs, que, como já vimos, alguns são com desenhos de Raphael.
Nasce também o "Pimpão" o órgão dos dissidentes de todos os partidos existentes, um jornal com uma longa vida, que começará por ser apenas de humor literário. Em 1879 faz uma pequena alteração de cabeçalho, sendo este último assinado por Raphael. Procurava ser um hebdomadário de sátira política, mas também com brejeirice pelo meio, até que a partir de 1894 ao introduzir ilustrações, a sua opção vai para o erotismo. Curiosamente Raphael colaborará com alguns desenhos, e o seu colaborador literário Alfredo de Morais Pinto (Pan-tarantula) será um dos principais redactores. Muitas das ilustrações serão extraídas da imprensa estrangeira.

Friday, March 21, 2008

A Paixão do cartoonismo no mundo

Os cristãos vivem neste momento a Paixão de Cristo, um dos momentos essenciais da sua religião, na fé da ressurreição. Isso não impede que haja muitos Pilatos a continuarem a perseguir quem pense de outra forma, quem sorria ou ria da estupidez humana. Os Budistas aspiram ao nirvana, mas certamente não o encontram na Birmânia ou no Tibete onde ordas de bárbaros não respeitam os direitos humanos.
O Islão é uma religião de tolerância, contudo falsos islâmicos, ditos fundamentalistas continuam a fazer terrorismo armado e ideológico contra cartoonistas e inocentes pessoas que vivem no local e momento errado por onde eles passam. É verdade que o Deus Judeu não surge na historia como sendo muito humorístico (apesar de ser o mesmo dos Cristãos e dos muçulmanos), talvez por essa razão o estado israelita seja tão nazi. Se há uma paixão em todos os corações religiosos, há também uma paixão num mundo cada vez mais cinzento. Eis algumas das noticias de perseguição que encontrei nesta Sexta-feira Santa (http://www.feco.info/)
Le dessinateur Baha Boukhari condamné !
Dear friends and colleagues, First, I would like to express my sincere gratitude for all of your concern and your words of support. Moreover, I would like to confirm to you that this matter would not change my attitude or my beliefs. It only reinforces my faith in our roles as humans and cartoonist in carrying out freedom of expression, advocating for democracy and liberties for all. At the same time, I consider the cartoonist as a messenger of peace and harmony, against all form of discrimination or oppression based on race or religion. Cartoonists promote and bring possible dialogues between different cultures and communities. Finally, I would like to thank you all again and want you to know that your words and drawings against any form of oppression, occupation, and restrictions of freedom. What is more, against Gaza siege would be of great help.
Sincerely, Baha Boukhari
Tan Oral fired from Cumhuriyet
Tan Oral, world wide known as one of the masters of the Turkish cartoon, an excellent person and a good friend of cartoonists, has recently been fired from "Cumhuriyet", the most serious and prestigious left wing newspaper of Turkey where he used to work since 1976.
The reason of this act was due to a plot organized by another Turkish newspaper, "Yeni Safak", quite conservative and close to the AKP government.
Last week a young reporter from the "Yeni Safak" newspaper, interviewed Tan, on the occasion of his 50’s year anniversary of cartooning in Turkey. And after been interviewee of more than two hours, becoming more familiar with the artist, she asked to see the drawing to be published next morning in "Cumhuriyet". Tan, naively signed it and gave it to her as a souvenir with the condition to not published it...
Next day, this cartoon appeared on the first page of "Yeni Safak" with an underline mentioning that this cartoon was exclusively made for "Yeni Safak". Of course the same cartoon took place the same day on Cumhuriyet’s Tan’s corner. Tan protested hardly "Yeni Safak" which published the day after a short note of apologies. But this was a very good pretext and opportunity for the editor in chief of "Cumhuriyet" to fire Tan Oral who was drawing from time to time cartoons against the official policy of his newspaper.
Tan is now unemployed (!). He didn’t jump on any proposal coming from many other newspapers. He participated with high moral to his 50’s year anniversary exhibition in Eskisehir last Thursday the 12th. But disregarding his up hopes, he hardly needs some support and encouragement from his friends, because he’s still disappointed of the unexpected attitude of his newspaper for which he did during his last 32 years...
Tan is preparing now a manuscript about this recent event, including several articles published in the Turkish local press, all the public reactions, comments and messages sent by his friend and supporters etc...

Daniel Ionescu (Dion) fired from Cotidianul
This is another sad and revolting news. I know how frustrating it is for Tan.
I myself was fired three weeks ago by the editor of the Romanian front newspaper "Cotidianul", for which I was doing the daily editorial illustration for the last two years.
No specific reason was furnished upon my dismissal but I have the same believes that political reason were the apple discord. I can furnish you with further info if you need. I attach some samples of my work published in Cotidianul within last year.
Sincerely,
Dion

Simone Thalmann and Michael Mauch fired from Basel Museum
Zu den Berichterstattungen in: Basellandschaftliche Zeitung, Basler Zeitung, BernerZeitung, Blick, Tages-Anzeiger, TeleBasel, 20min., u.a.m.
Stellungnahme von über 50 europäischen Cartoonisten zum Rauswurf der Co-Direktion des Karikatur & Cartoon Museum Basel durch den Stiftungsrat.
Cartoonisten aus der Schweiz wie aus dem übrigen Europa sind empört über die Kündigung und Freistellung der Direktoren des Karikatur & Cartoon Museum Basel (Simone Thalmann und Michael Mauch), die ohne sachliche Argumente erfolgten.
Der Hinweis, dass der Stiftungsrat eine internationalere Ausrich-tung des Museums wünsche, ist durch die bisherigen Ausstellungen von internationalen Top-Künstlern wie Ungerer, Bosc, Hugo Pratt, Bernd Pfarr usw. klar widerlegt!
Simone Thalmann und Michael Mauch haben seit der Übernahme der Museumsleitung im Juli 2004 des weiteren für die Schweizer Cartoon-Kunst wichtige Ausstellungen organisiert und uns Car-toonisten eine funktionierende und höchst aktuelle und für das Publikum attraktive Plattform aufgebaut.
Wir Cartoonisten sind für diesen grossen und erstmals in der Ge-schichte dieses Museums richtungsweisenden Einsatz dankbar. Seitdem die beiden das Museum leiten, weht dort ein offener und frischer Wind, der den Künstlern und dem Publikum zugute kommt. Die neuen Besucherrekorde, die transparente Betriebs-führung und das aufgestellte Museums-Team sprechen für sich. Wir verlangen deshalb vom Stiftungsrat zu diesen nachweislichen Leistungen ein öffentliches Zugeständnis - ohne Ausflüchte und schwammige Formulierungen.
Simone Thalmann und Michael Mauch wurden auf unanständigste Art und Weise abserviert, ohne dass ein plausibler Grund genannt worden wäre. Wir erwarten, dass der Stiftungsrat seine Aufgabe sachlich und ehrlich erfüllt und diesen Fehlentscheid korrigiert.
EFEU/Ernst Feurer Biel-Benken/CH e_Mail
ANNA/Anna Hartmann

Soutenez le Tibet.

Chers amis,
Après des décades de répression par la loi chinoise, la frustration du peuple tibétain a explosé dans les rues sous forme de protestations et d'émeutes. Avec les feux de la rampe braqués sur les Jeux Olympiques à venir en Chine, les tibétains réclament au monde un changement.
Le gouvernement chinois a dit que les protestataires qui ne se sont pas encore rendus "seront punis". Ses leaders sont en ce moment même en train de faire un choix crucial entre l'escalade de la brutalité ou le dialogue qui pourrait déterminer le futur du Tibet et de la Chine.Nous pouvons influer sur ce choix historique. La Chine tient à sa réputation internationale. Il est nécessaire que le président chinois Hu Jintao entende que le succès du logo "made in China" et aussi des prochains Jeux Olympiques ne sera assuré que s'il fait le bon choix. Mais il faudra une énorme mobilisation internationale pour attirer son attention - et nous en avons besoin dans les 48 heures qui suivent. Le lauréat tibétain du Prix Nobel de la Paix et leader spirituel, le Dalai Lama, a appelé à la retenue et au dialogue: il a besoin d'un soutien international. Cliquez maintenant ci-dessous pour signer cette pétition -et faites passer le message à un maximum de personnes- notre but est d'obtenir 1 million de voix pour le Tibet.
http://www.avaaz.org/fr/tibet_end_the_violence/
L'économie chinoise est totalement dépendante des exportations 'Made in China' que nous achetons et le gouvernement veut absolument faire des Jeux Olympiques à Pékin cet été une célébration de la nouvelle Chine , respectée comme un pouvoir mondial. La Chine est aussi un pays très divers avec un passé brutal et a des raisons d'être inquiète à propos de sa stabilité. Certains des émeutiers tibétains ont tué des gens innocents. Mais le Président Hu doit reconnaître que le plus grand danger pour la stabilité chinoise et son développement vient des jusqu'au-boutistes qui conseillent l'escalade de la répression et non pas des tibétains qui recherchent le dialogue et la réforme.Nous remettrons notre pétition directement aux officiels chinois à Londres, New York et Pékin mais il nous faut un nombre massif avant de pouvoir donner la pétition. S'il vous plaît, faites suivre cet e-mail à vos contacts avec un message expliquant à vos amis pourquoi c'est important ou utilisez notre outil 'Parlez-en à vos amis' qui apparaîtra après votre signature de la pétition pour écrire à votre carnet d'adresse.Le peuple tibétain a souffert en silence pendant des décades. Il est finalement temps pour eux de parler, nous devons les y aider.Avec espoir et respect,Ricken, Iain, Graziela, Paul, Galit, Pascal, Milena, Ben et toute l'équipe d'Avaaz.PS - Il a été suggéré que le gouvernement chinois pourrait bloquer le site Avaaz à cause cet e-mail et des milliers de membres Avaaz en Chine ne pourraient plus participer à notre communauté. Un sondage auprès des membres d'Avaaz ce week-end a montré que plus de 80% pensent qu'il est quand même important d'agir au Tibet malgré cette terrible perte potentielle dans notre communauté, si nous pensions pouvoir faire la différence. Si nous sommes bloqués, Avaaz aidera à maintenir la campagne pour la liberté d'accès à internet pour le peuple chinois pour que tout nos membres en Chine puissent un jour revenir dans la communauté.Voici quelques liens avec plus d'informations sur les protestations tibétaines et la réponse chinoise: http://www.cyberpresse.ca/article/20080318/CPMONDE/80318018/1014/CPMONDE http://www.liberation.fr/actualite/monde/316223.FR.php http://www.lexpress.fr/info/infojour/reuters.asp?id=67306&1736
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Thursday, March 20, 2008

Pelo Tibete, Liberdade e direitos Humanos


O sorriso deve ser um esgar de inteligencia, e uma lagrima contra as opressões. A Rep. da China mais uma vez tenta espezinhar o espirito livre do Tibete. Com o Humor do brasileiro Dalcio aqui denunciamos o que se passa no Tibete.

Wednesday, March 19, 2008

Daniel Aparici Traver-Griñó, el Keto, ha muerto

En el día 17 de marzo, nos dejó Daniel Aparici Traver-Griño, alias el Keto. A muchos puede sonarles a desconocido este dibujante, al que tuve la ocasión de visitar en su estudio hace un montón de años, pero lo cierto es que gozó durante su vida de mucho prestigio como humorista, historietista y pintor.El Keto nació en Castellón en 1931, o sea que llegó con la Segunda República Española. Tras iniciarse en la pintura, con una formación puramente autodidacta, y regentar una agencia publicitaria, en la década de los setenta trabajó para la editorial Bruguera, creando los personajes Bastistet y Olegario, asistentes sanitarios, El extraterrestre 1 x 2, Sam Bory y el Telefosro, buscadores de oro o El tonto del pueblo. Gracias a su trabajo en la editorial barcelonesa, la Warner Bros le encargó la ilustración de los cómics de Correcaminos, El Gordo y el Flaco, Porky, Melquiades, Bugs-Bunny y otros. Durante un tiempo dibujó para el diario deportivo Marca y publicó un divertido libro titulado La Historia de Castellón a través del humor.Traver-Griñó también destacó como ilustrador de estampas navideñas, los tradicionales christmas. Su obra pictórica está repartida por medio mundo (Italia, Alemania, Francia, Japón), habiendo obtenido numerosos galardones internacionales. Su manejo de la acuarela era realmente espectacular.
Para terminar cito unas palabras del propio artista, en las que se define como tal: "El mío es un secreto que conocemos todos y que se basa en una frase de Fray Luis de León que dice "lo que la naturaleza no te da, Salamanca no te lo presta".Es decir, yo he nacido con este don qu la naturaleza me ha dado. Ahora hay muchas personas que quieren ser artistas sin haber nacido artistas y eso es muy difícil".
Seguro que el bueno de El Keto descansa ahora en paz, rodeado por muchos de los angelitos que dibujó a lo largo de su vida.
(noticia sacada de El kiosco de Dolan http://www.lacoctelera.com/elkioscodedolan/)

19 de Março Dia do Pai

Hoje não tenho nenhum cartoon para comemorar este dia, infelizmente. O meu já não vive entre nós, mas ele foi o meu braço direito durante muitos anos na execução de muitas das exposições que realizei sobre caricatura / cartoon. Hoje sinto muito a falta dele, mas felizmente faço cada vez menos exposições, menos iniciativas. O país está cinzento, triste, vive-se a idade do medo, da ASAI, das Finanças, dos ministérios anti-saude e anti-educação... o problema é que sou pai e temo pelo futuro das minhas filhas, neste país de politicos de merda

Monday, March 17, 2008

HISTÓRIA DA CARICATURA EM PORTUGAL (parte 20)

Raphael Bordallo Pinheiro - 5
Por: Osvaldo Macedo de Sousa

1875 será um ano mágico, não que tivesse mudado muito a vida de Raphael, ou tivessem desaparecidos as dificuldades de sobrevivência dos caricaturistas, mas foi o ano em que Guerra Junqueiro e Guilherme d'Azevedo resolveram lançar um jornal, para o qual convidaram Raphael como ilustrador. Aqueles insignes escritores surgem sob o pseudónimo de Gil Vaz, e os ilustradores anunciados são Arthur Loureiro, Manuel de Macedo e Raphael, só que o primeiro não assina nenhum desenho. Quem dominará será Raphael Bordallo Pinheiro, aparecendo só de vez em quando um desenho de Manuel Macedo. O jornal semanário que publica o primeiro número a 15 de Maio, teve sucesso, por isso, e num gesto de 'ganância', a partir do n08 passa a diário (excepto 2as feiras) agora sob a direcção do próprio Raphael, com formato maior, e novo cabeçalho que abrange toda a página. Sai à noite, e a partir do 18° passa a sair de manhã, mas não sobrevirá além do 33°, por falta de viabilidade económica.
A 12 de Junho de 1875, no nº 5, Raphael Bordallo Pinheiro desenha uma personagem com aspecto saloio, a ser ludibriada pelos políticos (neste caso o Ministro da fazenda António de Serpa Pimentel) que pedem para o Santo António Fontes com o menino Jesus D. Luís I ao colo, e que tem na perna escrito: Seu Zé Povinho. No dia 26 reaparecerá esta figura com o São Pedro… Paio (Rodrigues Sampaio)….Desta forma nasce o principal herói da caricatura portuguesa, um ícone que marcará toda a nossa existência satírica.
O Professor Doutor João Medina, o historiador que melhor tem compreendido o papel da caricatura como testemunho documental histórico, no seu livro "Oh! A república!. . ." (pág. 203/4/5) apresenta-nos desta forma esta personagem: «Numa das suas crónicas n' O Primeiro de Janeiro, João Chagas observava em 1906 que, da palavra povo, em Portugal se fizera um diminutivo: povinho. E acrescenta: «O povo, em toda a parte, é o Povo.»
«Em Portugal é o – Zé».
«De facto, entre nós, a menoridade do povo forçava-o a ser apenas um diminutivo e uma abreviatura de um nome próprio, portanto, duplamente diminuído: um Povo que se faz «Povinho» e um nome de baptismo que se faz abreviatura, um José que se transforma em «Zé». Esta forma de diminuir, pese embora o seu lado carinhoso ou familiar, não deixa de constituir uma forma de degradação social ou ideológica: o conceito de povo (quer seja entendido como Terceiro, quer como Quarto estado) reduz-se a uma alcunha, a uma caricatura um tanto terna, e o nome de Todo-o-Mundo singulariza-se na abreviatura igualmente incaracteristica de um protótipo banal. Desta junção nasce, no plano puramente verbal, o nome da figura estereotipada que o lápis de Bordalo Pinheiro havia de criar em 1875, essa figura simbólica cuja existência, mitologia e coriácea permanência ao longo do tempo lhe garantiram lugar de destaque na nossa tradição político-cultural.»
«/…/ O Zé Povinho, arquétipo nascido todo vestido e calçado, de uma ponta a outra, em Junho de 1875,/…/ cabelos crespos, tipo físico de extracção rústica, barbas cerdosas, face rugosa, que se adivinha tostada, compleição sanguínea, chapéu popular, de abas recurvas, jaqueta e camisa de camponês, um desses que ainda hoje vemos pelo País fora, calças coçadas, sujas, muitas vezes remendadas, sapatos cambados, de sola grossa, rudemente talhados, expressão um tanto alvar, hílare quando ri, ar espesso, ingénuo e mazorro; em suma, um labrego e um pelintra, um rústico, um campónio, um saloio, um Zé-Ninguém. O Zézinho. O Zé Povinho. /.../ Parece não representar um grupo específico ou exprimir uma ideologia unitária, antes concretiza uma sensibilidade, uma certa tara nacional, uma forma de «Dasein» especificamente lusitano, ainda que, logicamente, a sua inserção social se encontre na pequena e média burguesias urbanas /.../ E aqui está a emblemática aparição primitiva do Zé: vítima inerme das instituições, dos políticos, dos ministros, de todas as arbitrariedades; súbdito do constitucionalismo, reduzido assim à sua realidade profunda, uma vez despidos os ouropeis das suas ficções jurídicas (eleições, votos, parlamento): o chicote. Como lhe lembrava Ramalho no texto da litografia do Álbum das Glórias de Setembro de 1882 - jocosamente, por antífrase intitulada «O Soberano»: «para continuares a gozar o sumo bem da liberdade que te outorgamos, tu não tens que ter senão o pequeno incómodo de pagar tudo o que isto custa, e de dar os vivas do estilo, sempre que a ocasião se ofereça, ao príncipe, à real família e às instituições que vivem à tua custa». No pagar tudo estava o essencial dos «direitos e deveres» do Zé Povinho: por isso a albarda simbolizaria a sua submissão aos poderes constituídos, essa mesma albarda que, para melhor efeito do daguerreótipo fictício, a litografia de 1882 discretamente depunha no chão, atrás do «Soberano» que, entre humilde e incrédulo, ouvia chamarem-lhe «Povo Soberano»...
A tradição de representação de um país por um ícone caricatural era algo que já existia, como o John Bull em Inglaterra, a Mariana em França, o Urso para a Rússia, depois virá o Tio Sam para os E.UA, mas pela primeira vez, e quase única no mundo, Portugal não criou um símbolo iconográfico do país, mas sim do seu povo. Os outros símbolos são ícones de orgulho nacional, enquanto que este será mais um de vergonha. É a velha anedota de que o território de Portugal é o paraíso onde Deus concentrou mais tempo a criar e embelezar, mas como contra-balanço pôs aqui este povo.
Este rústico, que era maltratado, espezinhado, possui uma educação liberal de 'brandos costumes'. É verdade que houve Marias da Fonte, de forma bem caceteira nos tempos das guerras liberais contra absolutistas, mas eram Marias e não Zés. Este Zé era o símbolo do povo que os intelectuais, e senhores da oposição governamental detestavam e menosprezavam. Eles desejavam a mudança, vão desejar depois a República, mas estão de mãos e pés atados com este povo que, apesar de 'espezinhado' e maltratado por este sistema político. não se revolta e lhes dava o seu apoio.
Muitas vezes Raphael sonhará, em desenho, com o levantamento do povo, com o derrube das albardas, com um grito de revolta. Contudo, quando o criou, ainda não tinha consciência da utilização ideológica e caricatural que
viria a ter na sua obra, na caricatura e na política nacional. O Zé será o primeiro herói da caricatura nacional, já que os outros são anti-heróis...É o 'Mono' do triste fado lusíada.
Aparecerá também em ''A Lanterna Mágica" um Zé Povinho Júnior, só que este não tinha grandes potenciais de sátira política (o contrário de hoje, onde a 'ingenuidade' infantil é um extraordinário meio de crítica), não tinha lugar na luta social de então e desaparecerá de imediato. Em contrapartida, apesar da evolução dos trajes, da forma de estar na sociedade, o Zé Povinho mantém ainda hoje o seu lugar na caricatura portuguesa.
Tal como Júlio Dantas escreveria, o «Zé Povinho esse tipo supremo que deixara apenas apontado numa página imortal da "Lanterna Mágica". Criação do grande artista, como o débardeur é criação de Gavarni, como a Tête de Poire é criação de Philipon, como o Robert Macaire é criação do Daumier, símbolo eterno do português sofredor, humilde e pé-de-boi, herdeiro directo do bom senso de Sancho Pança e da filosofia secular dos franciscanos pedintes, o Zé Povinho foi, daí por diante, desde a fúria sans-culotte do "António Maria" até ao pessimismo amável dos últimos tempos, o comentador predilecto da obra de Raphael Bordallo. Aparece em toda ela, com a sua face larga e risonha, o seu chapéu braguês, o seu jaquetão de saragoça, a sua bonomia e a sua albarda...»
Nesse ano de 75 lançará também o ''Almanach de Caricaturas", assim como ilustrou o livro "Os Theatros de Lisboa" de Júlio César Machado. Na verdade o teatro manterá sempre um lugar especial no amor e obra de Raphael. Mas, a desilusão mantém-se. Não aceitou o convite para Londres, mas não recusará ir tentar apanhar a galinha dos ovos de ouro ao Brasil. Para nós é estranha esta opção, mas naqueles tempos o Brasil mítico, onde nasciam fortunas do nada, e onde se falava a mesma língua (o que é muito importante para um humorista) foi o destino de diversos caricaturistas portugueses, entre eles Raphael Bordallo Pinheiro. Assim passadas três semanas da falência de ''A Lanterna Mágica", Raphael e família partem rumo ao Rio de Janeiro.
Aí terá sucesso, será proprietário de jornais, assim como terá desgostos, complicações com caceteiros... e voltará. A sua presença no Brasil foi importante para aquele país, na evolução da arte da caricatura, como foi importante para Raphael na aprendizagem de técnicas, e na maturidade do seu humor, como falaremos mais tarde. Em relação a este período Brasileiro, não nos interessa aqui na História da Caricatura em Portugal.
Aínda em 1875, surgiu, e desapareceu no Porto ''A Parvónia Ilustrada", mantendo a mediocridade geral.

Sunday, March 16, 2008

Primeira reunião FECO Portugal

Recado para os companheiros de risco: Quem esteve na reunião, não precisa de ler.Quem não esteve, faça favor de ficar invejoso.Mais uma vez, o Varela foi o primeiro a chegar ao ponto de encontro, que era o Café Nicola. E, por uma questão de logística transportativa, os paulos (Santos e Fernandes), seguiram-lhe a peugada, transpondo o portal do botequim de nome bocageano com meio metro de atraso.Quando o Varela me telefonou a dizer "já cheguei", com aquele mal disfarçado orgulho misto de tripeiro e de antigo colaborador da RTP que faz recordar o slogan televisivo "somos o primeeeeeiro", estava eu a dobrar a esquina pombalina (!).Comigo, transportava a mágoa de um telefonema do Álvaro que, meia hora antes, me dizia assim: "Não conseguimos lugar no Inter-cidades. Não contem connosco para a deglutição do polvo, comemos kókécoisa aqui em Santa Apolónia". Bonito serviço! Com o Álvaro vinham o Rodrigo e o Bruno Taveira. Três bocas a menos, que nos davam cabo da encomenda restaurantística, pois os sábados até nem são dia de polvo lá na casa, a ementa era especial cá para a rapaziada e encomendada à medida do número de cabeças O senhor do restaurante começou a ficar verde-alface quando lhe demos a triste notícia de que havia mais polvo do que barriga. Mas eis se não quando (eis se não quando é uma maneira gira de dar brilho à prosa) entraram uns clientes que não desdenharam de meter a prótese dentária no superavit de polvo.Segundo desgosto da jornada, foi o caso do telefonema do Artur. Já era sabido que ele não viria meter o dente no ciclóstomo, pois trabalho oblige, mas era prevista a sua chegada à hora do começo da reunião. Telefonou a dizer "vou sair de Paços de Ferreira à hora do começo da reunião, pois tive um 'prolongamento de horário de trabalho' com que não contava, de modo que "Oh Artur, não penses em vir, porque a nossa reunião é numa sala da Biblioteca Municipal, que encerra às seis".Como a Biblioteca de Pombal é nas barbas da estação de Caminho de Ferro, e por outro, lado o comboio que finalmente traria o pessoal de Lisboa chegava à hora do início da nossa reunião, fomos todos à estação esperar a "comitiva".

O Varela garantiu a banda sonora do acontecimento, fazendo xim xim pó quando eles puseram pé na gare, e assim fomos, em passo acelerado com o Varela a tocar a valsa em passo de fox-trot, direitinhos à sala da Biblioteca que nos havia sido cedida.Dali (!) para a frente, foi aquela coisa divertida das considerações acerca da vantagem da existência de uma associação de classe, leitura e afinação dos estatutos e outras minudências.A biblioteca fechava às seis, e um quarto de hora antes estávamos a dar por encerrada a leitura e correcção dos Estatutos. Conforme mandarei amanhã, porque agora vou dormir.Não sem antes registar a chegada (a tempo da mastigação) do Orlando e do Eduardo Esteves.Os aspectos técnicos correram muito bem e a reunião foi muito proveitosa, tendo ficado já redigidos os estatutos em forma definitiva. Mas disso foi dada conta em correio privado a todos os Feco-aderentes.
Zé Oliveira


Friday, March 07, 2008

IX BIENAL DA CARICATURA DE OURENSE

FESTA DA CARICATURA
Horario da festa:
Sábado 8
18.30 h. Recepción dos debuxantes no Museo Municipal.
19.00 h. Comeza a Festa no Museo Municipal.
21.00 h. Fin da primeira sesión da Festa da Caricatura.
21.45 h. Cea no restaurante Sanmiguel.


Domingo 9
10.45 h. Café na Casa da Xuventude e visita ás súas exposicións (optativo).
11.15 h. Saída para o campus para ver a exposición de homenaxe ao Carrabouxo (optativo).
11.45 h. Visita ás exposicións do Centro Cultural Deputación de Ourense (optativo).
12.30 h. Comeza a segunda sesión da Festa no Museo Municipal.
14.00 h. Fin da Festa da Caricatura.
14.30 h. Xantar no restaurante Sanmiguel, no comedor do 1º andar.

Teléfonos de interese:
Museo Municipal. 988 248 970
Restaurante Sanmiguel. 988 220 795
Hotel San Martín, inclúe o almorzo (pequeno almorço) na súa cafetería. 988 371 811
Casa da Xuventude. 988 228 500

Enderezos e horarios das exposicións:
– Casa da Xuventude. Rúa Celso Emilio Ferreiro, 27.
De 19 a 21.30 h. Pecha o domingo. Abrirá ás 10.45 para os participantes na Festa da Caricatura.
– Centro Cultural da Deputación Provincial de Ourense. Rúa do Progreso, 30.
De luns a venres, de 11 a 14 e de 17 a 21 h.
– Campus Universitario das Lagoas, s/n.
Mostra ao aire libre, visitábel as 24 horas.
– O Liceo de Ourense. Rúa Lamas Carvajal, 5.
De 19 a 21.30 h.
– Museo Municipal. Rúa Lepanto, 8.
De 11 a 13.30 e de 18.30 a 21.30 h. Domingo só de mañá.

Caricaturistas:
Antonio Santos
Artur Ferreira
Estevez
Ferreira dos Santos
Gogue
Javier Carbajo
Kilo da Silva
Leandro
Michel
Nachortas
Omar
Onofre Varela
Paulo Santos
Pinto
Sex
Tonisavski
Zé Oliveira

Asistiran os invitados
Jorge Machado Dias
Siro
Xosé Lois

Tuesday, March 04, 2008

Morreu o Tenor Di Stefano

Giuseppe Di Stefano (Motta Santa Anastasia 24/7/1921 -
Milão 3/3/2008) por Gogue
(Caricatura exposta na IX Bienal de Caricatura de Ourense - 2008)
Tenor Italiano - Estreou-se profissionalmente em 1946 em Reggio Emília na ópera "Manon" de Massenet, o mesmo papel que interpretará na sua estreia no Scala de Milão no ano seguinte. Em 48 já estará no Metropolitan de New York a participar no Rigoletto. Esta rápida ascensão levá-lo-á a todos os grandes teatros de ópera do mundo. Das parcerias com outros cantores destaca-se a sua dupla com Maria Callas com a qual gravou diversas obras, assim como frequentemente cantaram juntos em palco. A sua ultima apresentação em palco deu-se em 92 como Imperador na Turandot.

Saturday, March 01, 2008

O Modernismo, A Caricatura, O Grupo de Coimbra

Por: Osvaldo Macedo de Sousa
(in Diário de Notícias de 10/7/1988)

Por vezes um momento é mais importante que uma vida, assim como o soldado pode ser mais relevante que um general, um amanuense mais vital que um ministro, alguns desenhos mais importantes que uma longa carreira artística. É o caso da intervenção do Grupo de Coimbra, três breves aparições que modificaram o rumo da arte em Portugal.
Vigorava então o naturalismo, estilo academizado que perduraria longas décadas, nas artes pictóricas, que na caricatura tinha a designação de raphaelismo . Na viragem do século, Leal da Câmara e, principalmente, Celso Hermínio esboçaram a primeira revolta contra o academismo pelas suas intervenções satíricas e estéticas. Porém, a verdadeira ruptura só se daria, sub-repticiamente em 1909/10, pela obra impressa de Correia Dias, Luiz Philipe e Christiano Cruz.
«Não parece exagero dizer que, na década que abrangeu os 1ms da monarquia e os começos da República, Coimbra deu ao País um verdadeiro escol. /…/ Curiosidades intelectuais, inquietação moral e social e ânsia de cultura para a busca de soluções aos problemas nacionais foram as características dessa geração que deixo, na actividade literária e artística do País, mostras iniludíveis de méritos, ainda não esquecidos nem apagados.». São palavras de Nuno Simões, companheiro desse grupo de artistas em Coimbra, no elogio fúnebre a Christiano Cruz, em 1951, recordando desta forma essa geração, esses tempos.
A curiosidade, inquietação e irreverência são características da juventude, dos estudantes, e foi precisamente nesse meio que o Grupo de Coimbrase formou, e desenvolveu a nova linha estética, que viria a dar no modernismo. As influências e linhas mestras do novo pensamento estético provieram do estrangeiro, através das publicações que cá chegavam, provieram de uma necessidade interior de síntese, de forma.
A síntese, perante o barroquismo raphaelista, foi o elemento revolucionário que se impôs no desenho, raiando por vezes a abstracção, a qual deu à pintura o tom cézaniano que dominaria o modernismo. O curioso é que estes artistas encerrados em Coimbra compreenderam melhor o que se estava a passar no mundo europeu das artes do que aqueles portugueses que viviam por Paris no contacto directo, mas ao qual passaram de lado ou muito superficialmente.
O grupo começou a organizar-se à volta de um jornal de Liceu, O GORRO, e desenvolveu-se na tertúlia e na elaboração de outras revistas, como a Águia, a Sátira e a Rajada. As figuras importantes deste movimento foram:
- Cristiano Cruz, sobre quem já escrevi neste jornal, e que, para além da força sintética e expressionista do traço caricatural, se tem descoberto ultimamente uma pintura plena de força fauvista, cézariana e por vezes até raiando a abstracção. Ao mudar-se para Lisboa, em 1910, veio influenciar pessoalmente uma geração de artistas, como Stuart, Almada, Soares ... que continuariam as experiências do modernismo. Christiano abandonou a arte em 1921, «exilando-se» em Moçambique;
- Luiz Philipe, um criador que não sobreviveu muito tempo nas artes e que desapareceu no anonimato do quotidiano. Sobre ele escreveu Nuno Simões. Era «o mais velho da corja dos trocistas. (. .. ) Apreende a sua garra implacável as figuras e as almas, amolga-as, deprime-as, para fazer resultar o juízo final em que a alma e corpo se procuram, um como que toque de trombeta de apuro de contas, e conclusão de quem a vida espionasse, só pelo prazer de ver-lhe, em cada onda, toda a babugem de grande mar revolto.» Os seus trabalhos apareceram em O Gorro, Ilustração Portuguesa, A Águia, A Sátira, e ao apresentar-se no Porto, em 1916, no II Salão dos Modernistas, despedia-se da Arte;
- Outro grande artista deste grupo foi Fernando Correia Dias, um mestre da caricatura-síntese que também abandonaria a arte portuguesa, ao emigrar para o Brasil, em 1915, e onde morreu. Sobre este artista falaremos na próxima crónica.

Fernando Correia Dias, a síntese Caricatural

Por. Osvaldo Macedo de Sousa
(In Diário de Notícias de 17/7/1988)

«Correia Dias, o mais fino, equilibrado e inteligente artistas» (palavras de Virgílio Correia). foi um caso de breye e fulgurante passagem pelo humorismo português. Pertencente ao Grupo de Coimbra foi, com Christiano Cruz e Luis Philipe, um dos introdutores de uma nova visão estética, que viria a desenvolver-se em modernismo.
Natural de Penajoia, onde nasceu em 1892, fez estudos em Coimbra, e por aí ficou numa carreira de artista e dinamizador satírico. Em 1909 funda o jornal O Gorro, um jornal dos alunos do Liceu de Coimbra, o qual reúne os jovens que designei por Grupo de Coimbra. É por essa altura que se desenvolve a linha-síntese, uma exploração estética das formas que os lança na vanguarda da arte nacional, que os coloca a par do que. se realiza na Europa. As caricaturas-síntese de Correia Dias são breves traços caligráficos, que desnudam a estrutura das formas ao ser mais simples, que raia a abstratização dos elementos representados.
Virgílio Correia diz, em 1914, que ele «imprimiu nas suas obras um cunho de delicadeza que o leva para bem longe da caricatura indígena em que Bordalo e Celso floresceram». Não é só no traço que há uma ruptura, pois continuadores do traço de Celso, na linha-síntese, o Grupo de Coimbra procura desprender-se da anterior visão satírica, panfletária, e por vezes cruel, para uma nova visão irónica, numa opção de crítica social. Quase se poderia dizer que eles defendem que é na alteração das condições sociais que pode haver alteração política, e não pela alteração política que se cria as condições sociais. A história deu-lhes razão.
Sem deixarem de ser críticos, na mordacidade da ironia, eles opõem-se à sátira directa, à identificação dos culpados, já que são muitos mais do que aqueles que parecem ser. Esta viragem no humor, segundo Virgílio Correia, é uma característica de Coimbra (?), que «não gerou senão artistas equilibrados e sãos. (…) Correia Dias segue a regra geral. Tudo na sua arte é ligeiro, transparente. Até quando magoa o faz com elegância, com linha, sem descompor as figuras em contorcionamentos borrachos de indivíduos alçados sobre botas de palmilhas bocejantes».

Veiga Simões acrescenta: "Afóra o Stúdio e os magazines extrangeiros que muita vez o surprehendi a folhear, creio que toda a sua arte resultou do seu temperamento bondoso e sensual como as pérolas saem do coração das ostras ou das penhas emana o crystal da água viva. A graça e a malícia são peculiares na sua obra em que o exagero consegue ter um sentido piedoso. E é por isso que ao mesmo tempo se amam os seus bibelots, em que a ternura tem sorrisos formosos e as caricaturas pessoaes, em que o artista prefere a cobrir de pacaro os modelos, dar ao lapis um ar de conselheiro moral, diríeis, um lápis comovido que sublinha somente para ver se corrige o que é aleijado.»
Infelizmente não é conhecida a sua obra, que se dispersa por vários géneros criativos, como se pode comprovar pelo anuncio publicado em A Rajada "Caricaturas e Desenhos Cartazes; Vitraes; Capas de Livros; Pastas; Ex-Librisj Piro-Grravuras; Móveisj etc. Coimbra - L. da Feira, 16.» A luta pela sobrevivência fazia-o caricaturista, publicista, cartazista, ilustrador, ceramista, vitralista, designer de móveis, de tapetes, de encadernações, e até de monumentos funerários e de jardins. Toda uma obra por descobrir e catalogar a que eu conheço são as obras publicadas no Gorro, na Rajada (de que foi Director Artístico / Coimbra-1912), Século, Ilustração Portuguesa, Aguia.
Apesar de ter sido um dos introdutores do modernismo, via caricatura, em Portugal, não apareceu em qualquer dos Salões de Humoristas e Modernistas realizados na segunda década deste século em Lisboa e Porto, não acompanhando dessa forma a evolução estética nas suas manifestações públicas. Apenas teve um gesto pessoal, em 1914, ao expor os seus trabalhos nas salas da Ilustração Portuguesa, onde foi elogiada a «obra diáfana de um decorador consumado.» Além da síntese, ele desenvolve também um decorativismo que reinará em Portugal nos anos 20/ /30.
Entretanto, em 1915, «Correia Dias vai para o Brasil expôr os seus trabalhos, tentar aplicar as suas aptidões de artista decorador». Partiu e lá ficou a conhecer o êxito que cá não tinha. Casou-se com a poetisa Cecília Meireles, para a qual fez ilustrações dos livros, trabalhou em jornais, fez ex-líbris ... No campo decorativo desenvolveu uma série de motivos de cerâmica marajoara (dos Índios da ilha de Maràjó), criando um estilo de raízes brasileiras, que explorou na cerâmica e na tapeçaria.
Em 1934 visita Portugal com a sua mulher, e a 19 de Novembro de 1935 suicida-se no Rio de Janeiro.


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